Construindo um futuro inclusivo na ciência: o papel da FUNCERN e do IFRN
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No dia 11 de fevereiro, celebra-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma data emblemática para refletirmos sobre a contribuição essencial das mulheres no avanço do conhecimento científico e a importância da inclusão e diversidade nos campos da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Essa data também nos convida a repensar estratégias para garantir maior representatividade feminina e promover um ambiente mais igualitário para todos os indivíduos que fazem parte desse universo.
Em uma análise global, as mulheres representam cerca de 33% dos pesquisadores e 35% dos estudantes em áreas STEM, conforme dados da Unesco. No Brasil, essa realidade se traduz em uma participação de apenas 3 a cada 10 mulheres nessas áreas, somando 44% da força de trabalho científica nacional. Embora sejam maioria entre os bolsistas da CAPES, com 58% das bolsas distribuídas, o número de mulheres laureadas com o Prêmio Nobel nas áreas científicas ainda é reduzido, com apenas 22 conquistas ao longo da história.
No Rio Grande do Norte, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN) se destaca como um importante agente na promoção da ciência e na formação de futuras cientistas. Por meio de projetos de extensão, como o Clube de Ciência, o IFRN cria um ambiente inclusivo e acolhedor, estimulando a participação ativa de mulheres em todas as esferas científicas.
A coordenadora do Clube de Ciência, professora Glória Albino, compartilha uma reflexão sobre os desafios que as mulheres enfrentam no universo científico. Para ela, ser mulher nesse meio é uma tarefa diária que exige equilíbrio entre as responsabilidades familiares e profissionais. "Além das obrigações em casa, na escola e com os filhos, é preciso dar conta de tudo com excelência", comenta. A professora salienta a importância de iniciativas como o Clube de Ciência, que, ao promover a diversidade, reforça a ideia de que a ciência precisa ser rica em diferentes perspectivas, incluindo as criativas e emocionais, características muito presentes entre as mulheres.
A aluna do IFRN Rebeka Martins, estudante do curso integrado de Geologia, reconhece o impacto de projetos como esse em sua trajetória acadêmica. Rebeka, que ingressou no Clube de Ciência logo no início do curso, afirma: "Se não fosse por ele, provavelmente teria desistido no segundo ano. O projeto foi fundamental para minha visão sobre a ciência e proporcionou uma mudança de perspectiva que transformou meu futuro." Ela também destaca a natureza inclusiva do projeto, que não é voltado apenas para os "alunos gênios", mas aberto a todos os estudantes, independentemente de seu perfil acadêmico. "Essa abordagem fez toda a diferença na minha experiência", complementa.
A professora Glória Albino recorda os primeiros desafios do Clube de Ciência, criado em 2012, que enfrentou dificuldades como a falta de espaço adequado e a escassez de recursos financeiros. "A luta foi constante, mas com o apoio da FUNCERN e outras parcerias, conquistamos vitórias importantes, como a transformação de um ônibus em laboratório móvel, o Science Bus, que leva nossa visão de mundo a diversas comunidades", compartilha a professora.
Para Glória, a ciência deve ser acessível a todos, independentemente de sua origem ou contexto social. "A ciência é para todos, feita por todos e acessível a todos. Se ainda não é assim, deveria ser", conclui.
A FUNCERN, ao lado do IFRN e de outras instituições, tem se empenhado em projetos que buscam democratizar o acesso ao conhecimento científico, como o "Veja a Ciência em Todos os Lugares", que leva a ciência a diferentes públicos e realidades. A inclusão e a alfabetização científica são fundamentais para garantir que as futuras gerações possam contribuir ativamente para o avanço do conhecimento e da cultura científica.
A professora Glória Albino enfatiza que projetos como o Clube de Ciência são essenciais para que a educação científica chegue a todos. "Sem essa inclusão, o processo de diversidade na ciência poderia levar mais de 300 anos para acontecer", alerta. "Precisamos de mais educação, divulgação e alfabetização científica para garantir que todos possam fazer parte da construção do conhecimento humano."
Neste 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, é imprescindível refletir não apenas sobre os avanços conquistados, mas também sobre os desafios que ainda persistem na busca por maior representatividade e inclusão das mulheres no universo científico. O IFRN, com iniciativas como o Clube de Ciência, demonstra que é possível construir um futuro mais diverso e inclusivo na ciência, onde todos, independentemente de gênero, possam contribuir para o avanço do conhecimento.
A educação científica é uma peça-chave nesse processo. Como enfatiza a professora Glória Albino, a ciência precisa ser feita por todos e para todos, com a participação ativa de mulheres, meninas e todos os segmentos da sociedade.