FUNCERN promove palestra sobre prevenção e combate à violência no trabalho

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A Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN) promoveu, na última sexta-feira, 15, a palestra "Violência no Trabalho: Que relação é essa? Como reconhecer e prevenir". O encontro, que aconteceu nos turnos da manhã e da tarde na sala de reuniões da Fundação, foi conduzido por Cíntia Costa, psicóloga do Trabalho do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).

A palestra abordou de forma didática e interativa diferentes temáticas relacionadas à violência no ambiente de trabalho, permitindo o debate e a exposição de experiências pessoais. Durante a apresentação, Cíntia explicou o conceito de violência, contextualizando sua presença na esfera profissional, e levantou discussões sobre microagressões, violência simbólica, discriminação e assédio sexual e moral.

Cíntia apontou algumas das causas por trás da violência no trabalho, como o individualismo e o narcisismo, que comprometem a capacidade de empatia e a autocrítica, banalizando a problemática. Afinal, de acordo com a psicóloga, "olhar para a violência é olhar para nós mesmos". Outros aspectos abordados foram a discriminação, o machismo e a misoginia, já que a violência acontece mais frequentemente com as mulheres.

Isabel Dantas, gerente de Projetos da FUNCERN, ressaltou a importância da palestra para desconstruir a ideia de violência associada apenas à agressão física. “A violência simbólica, geralmente, é consentida e a gente precisa fazer a crítica, desconstruir esse conceito, porque não é necessário que alguém bata em uma pessoa para que ela seja violentada”, explicou. Ela iniciou, então, uma discussão sobre a violência enraizada na sociedade, presente desde a infância, onde a vítima é interrogada ao invés do agressor.

A matéria destaca que é essencial ter um lugar neutro e de acolhimento, sem julgamentos, já que é comum que a vítima se sinta coagida a não denunciar por medo de retaliação, principalmente quando o agressor é um gestor ou um superior.

Para isso, a FUNCERN disponibiliza três canais de comunicação: a coordenação do setor, a gestão de pessoas e a ouvidoria. Caso a pessoa não se sinta confortável em expor a situação diretamente, pode optar também por uma denúncia sigilosa ou anônima.

Assédio sexual e moral

Na segunda metade da palestra, Cíntia abordou temáticas complexas como o assédio sexual, esclarecendo que não é algo que abre margem para dúvidas ou discussões. Porém, é importante compreender que cantadas ou flertes no ambiente de trabalho nem sempre caracterizam assédio, dependendo da natureza, e que relacionamentos entre colaboradores são permitidos.

O assédio moral, por sua vez, é mais difícil de reconhecer. Independente da intencionalidade, define-se como uma conduta abusiva recorrente, seja na sobrecarga proposital, na ociosidade forçada, na invalidação ou na exclusão de um trabalhador. Portanto, é fundamental separar o pessoal do profissional e não permitir que afinidades estejam acima das demandas e dos regulamentos.

Contudo, é necessário bom senso na hora de avaliar a situação. O assédio moral precisa ser sistemático. Cobranças, conversas difíceis acerca da performance de alguém ou aumento na carga de trabalho sazonal são exemplos de conflitos profissionais, que são necessários para a manutenção do ambiente de trabalho.

De acordo com Kalyne dos Santos, coordenadora de gestão de pessoas da Fundação, a palestra foi pensada pela necessidade de ajudar os colaboradores a entender o espaço e o limite do outro. “Quando uma atitude caracteriza assédio, mesmo não sendo intencional, isso inflama as relações dentro do trabalho. Então, essa temática precisa ser debatida para destravar a comunicação e conscientizar as pessoas sobre como se portar nesse ambiente. Nós queremos passar a mensagem de que aqui na FUNCERN o assédio moral ou sexual tem tolerância zero”.

Para finalizar, a psicóloga ensinou também técnicas de prevenção, como a correção de comportamentos que causam incômodo ou constrangimento através da abertura do diálogo. Ao invés de focar nas falhas do outro, é recomendável falar sobre os próprios sentimentos em relação à conduta alheia, permitindo uma comunicação não violenta.

Ao final, a psicóloga deu sugestões aos gestores e colaboradores para a construção de ambientes de trabalho saudáveis.